9.7 KiB
Resolução da Lista 4 da disciplina de Matemática Discreta
Feita por Guilherme de Abreu Barreto1
Funções
Exercício 1
a. Não pois, existem mulheres solteiras as quais, por definição, não são contempladas por esta relação.
b. Está bem definida.
Exercício 2
Vamos admitir dois conjuntos quaisquer X
, de tamanho n
, e Y
de tamanho m
, sendo m \ge n
, e n, m \in \N
. Estes estão relacionados entre si pela função injetora f: X \to Y
. Então, pela definição de função injetora, para quaisquer elementos x_i, x_j
, 1 \le i < j \le n
, em X
para os quais x_i \not = x_j
correspondem dois valores f(x_i)
e f(x_j)
em Y
os quais f(x_i) \not = f(x_j)
. Logo, segue que a mesma função no sentido inverso f^{-1} : Y \to X
produz um pareamento de um para um tal que para quaisquer valores f(x_i) \not = f(x_j)
resultam valores x_i \not = x_j
.
No mais, a função composta f^{-1} \circ f
comporta-se tal qual uma função identidade \text{id}_n
para X
se e somente se m \ge n
. Por um lado, esta mapeia um valor x_i
com ele próprio:
f^{-1} \circ f (x_i) = f^{-1}(f(x_i)) = x_i
Por outro, isso só é possível para valores de i \le n
pois (x_{n+1},f(x_{n + 1})) \not \in f
.
Exercício 3
Vamos admitir que os conjuntos X
, Y
e Z
possuam tamanhos r
, s
e t
. Ainda, que os índices i
, j
, k
são tais que 1 \le k \le t \le j \le s \le i \le r
, sendo i,j,k,r,s,t \in \N
. Assim, X = \{x_1, \dots \, x_r\}
, Y = \{y_1, \dots , y_s\}
, Z = \{z_1, \dots , z_t\}
. Segue da definição de sobrejeção que
-
\exists x_i \in X
tal quef(x_i) = y_j
sendoy_j \in Y
. Ainda,Y = \{f(x_1), \dots, f(x_r)\}
. -
\exists y_j \in Y
tal queg(y_j) = z_k
sendoz_k \in Z
. Ainda,Z = \{g(y_1), \dots, g(y_s)\}
.
Assim, se aplicarmos a função g \circ f
sobre X
teremos:
${g \circ f(x_1), \dots, g \circ f(x_r)} = {g (f(x_1)), \dots, g (f(x_r))} = {g (y_1), \dots, g (y_s)} = \ {z_1, \dots, z_t} = Z$
Ou seja g \circ f
também é sobrejetora ao mapear g \circ f: X \to Z
.
Exercício 4
Quando dizemos que (x + 1)^2 = x^2 + 2x + 1
estamos indicando que para qualquer número x
tais expressões possuem o mesmo valor. Isso também pode ser interpretado dizendo que ambos os lados da igualdade representam a mesma função.
Retomando o problema em questão, temos que g \circ f = h \circ f \implies g(f(x)) = h(f(x)), f(x) \in Y
. Como f
é sobrejetora não existe elemento em Y
, domínio tanto de g
e h
, o qual não possa ser descrito na forma f(x)
. Assim sendo, se g(f(x)) = h(f(x))
para qualquer valor f(x)
, por definição estamos falando de funções iguais entre si.
Exercício 5
Em concordância com a definição de função um grafo orientado é adequado a representação de função se e somente se este indica relações entre pares ordenados. Por exemplo:
Representativo de uma função | Não representativo de uma função |
---|---|
No primeiro gráfico vemos que para qualquer nó x
à uma relação com um único f(x)
. No segundo gráfico, um grafo acíclico dirigido, isso não ocorre: podemos destacar a relação f(11) = \{2, 9, 10\}
.
Exercício 6
a. A função f: \Z \to \Z
pode ser definida como
f = \{(x,y): x = 2k \to y = 1\ \underline \lor\ x = 2k + 1 \to y = -1, \forall k \in \Z\}
Onde \underline \lor
é o sinal para a expressão "ou exclusivo"
b. Procederemos por exaustão.
-
z_1
par ez_2
par implicamz_1 + z_2
par.2k + 2k_2 = 2(k + k_2) = 2k_3
Logo,
f(z_1 + z_2) = 1 = 1 \cdot 1 = f(z_1)f(z_2)
-
z_1
par ez_2
ímpar, ou vice versa, implicaz_1 + z_2
ímpar.2k + 2k_2 + 1 = 2(k + k_2) + 1 = 2k_3 + 1
Logo,
f(z_1 + z_2) = -1 = -1 \cdot 1 = f(z_1)f(z_2)
-
z_1
ez_2
impares implicam,z_1 + z_2
par.2k + 1 + 2k_2 + 1 = 2(k + k_2 + 1) = 2k_3
Logo,
f(z_1 + z_2) = 1 = -1 \cdot -1 = f(z_1)f(z_2)
c. Procederemos por exaustão.
-
z_1
par ez_2
par implicamz_1z_2
par.2k \cdot 2k_2 = 2(2kk_2) = 2k_3
Logo,
f(z_1z_2) = 1 = 1 \cdot 1 = f(z_1)f(z_2)
-
z_1
par ez_2
ímpar, ou vice versa, implicaz_1z_2
par.2k(2k_2 + 1) = 2[k(2k_2 + 1)] = 2k_3
Logo,
f(z_1z_2) = 1 \not = -1 \cdot 1 = f(z_1)f(z_2)
-
z_1
ez_2
impares implicam,z_1z_2
ímpar.(2k + 1)(2k_2 + 1) = 4kk_2 + 2k + 2k_2 + 1 = 2(2kk_2 + k + k_2) + 1 = 2k_3 + 1
Logo,
f(z_1z_2) = - 1 \not = -1 \cdot -1 = f(z_1)f(z_2)
d.
f(x) = 1
.Exercício 7
a.
f_{c,d} \circ f_{a,b}(x) = f_{c,d}(f_{a,b}(x)) = c(ax + b) + d = \underbrace{(ca)}_{=\ p}x + \underbrace{(cb + d)}_{=\ q} = f_{p,q} (x)
b.
\big \{ f_{a,b} \circ f_{c,d}(x) = a(cx + d) + b = (ca)x + (ad + b) \\ \therefore f_{a,b} \circ f_{c,d}(x) = f_{c,d} \circ f_{a,b}(x) \implies \cancel{(ca)x} + (cb + d) = \cancel{(ca)x} + (ad + b)\\ \implies b(c - 1) = d(a - 1)
c.
f_{a,b} \circ f_{1,1} = f_{1,1} \circ f_{a,b} \implies a(x + 1) + b = 1(ax + b) + 1\\ \implies \cancel{ax} + \cancel b + 1 = \cancel{ax} + a + \cancel b \implies a = 1
Assim sendo, desde que
a = 1
esta expressão é verdadeira\forall b \in \R
.d. Sendo
y = f_{a,b}(x) = ax + b
, a função inversa pode ser expressa por:x = ay + b \implies f^{-1}_{a,b} (x) = \frac{b - x}a
Exercício 8
Para a função
long long unsigned int ackermann (unsigned int m, unsigned int n) { if (m == 0) return n + 1; if (n == 0) return ackermann (m - 1, 1); return ackermann (m - 1, ackermann(m, n - 1)); }
Os resultados foram, respectivamente:
A(1,1) = 3 A(1,2) = 4 A(2,2) = 7 A(3,2) = 29
Para o valor
A(4,2)
o algoritmo foi executado até que a memória a este alocada fosse esgotada (segmentation fault
) . Não obstante, conforme constata o artigo referente ao algoritmo na Wikipédia, computadores otimizados para esta tarefa calcularam o resultado de 19,729 dígitos decimais: 2^65536^ − 3.Exercício 9 (Divertissement)
Consideremos uma lista exaustiva dos infinitos números entre 0.0 e 1.0:
0. 1 1 1 1 1 1 1 \dots
0. 1 0 0 0 0 0 0 \dots
0. 3 3 3 3 3 3 3 \dots
0. 1 4 2 5 9 2 6 \dots
0. 9 9 9 9 8 9 7 \dots
0. 2 8 5 1 2 8 3 \dots
0. 4 2 8 5 1 5 2 \dots
0. 5 7 2 1 4 2 1 \dots
\vdots
\vdots
\vdots
\vdots
\vdots
\vdots
\vdots
\vdots
\ddots
Em seguida aplicamos sobre esta lista uma função em uma diagonal que altera o valor da entrada em uma unidade, digamos, f = \{(x,y) : x < 9 \to y = x + 1\ \underline \lor\ x = 9 \to y = 0\}
.
0. | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | 1 | \dots |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
0. | 2 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | \dots |
0. | 3 | 4 | 3 | 3 | 3 | 3 | 3 | \dots |
0. | 1 | 4 | 3 | 5 | 9 | 2 | 6 | \dots |
0. | 9 | 9 | 9 | 0 | 8 | 9 | 7 | \dots |
0. | 2 | 8 | 5 | 1 | 3 | 8 | 3 | \dots |
0. | 4 | 2 | 8 | 5 | 1 | 6 | 2 | \dots |
0. | 5 | 7 | 2 | 1 | 4 | 2 | 2 | \dots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\vdots |
\ddots |
O número resultante é de forma tal que encontra-se contido nos reais, mas é diferente de todos os infinitos números aqueles com que cruza na tabela, pois difere destes em pelo menos um dígito. Por isso, os números reais são de grandeza superior a uma infinidade contável: estes são incontáveis.
-
nUSP: 12543033; Turma 04 ↩︎